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Hora de banhar!

Atualizado: 29 de set. de 2020

É certo, todo dia pela manhã ou fim da tarde, podemos encontrar em casas com jardins sendo “agoados”, refrescados, ou simplesmente tendo seus cuidadores matando a sede de suas plantas. Muitos deles, não satisfeitos, dão um literal banho com jatos d’água de dar inveja a qualquer bombeiro, que de tão fortes arrancam até folhas.

Isso é uma prática secular, minha querida avó, por exemplo, assim fazia. Só ficava satisfeita com as plantas devidamente limpas e com sua sede curada. Ela fazia com tanto gosto que dava até vontade de levar um sabonete pra completar o serviço...

Mas isso me chamava muito a atenção. Seria realmente necessária essa “lavagem do pelourinho” nas plantas na hora da irrigação? Tanto que muito provavelmente foi esse o “start” que me fez decidir fazer um curso técnico em agropecuária e uma faculdade de agronomia.

Tá bom, posso ter exagerado o motivo, mas tem doido pra tudo nesse mundo.

O fato é que as folhas não foram criadas para esse fim, apesar de conseguirem “beber” a água depositada nelas, mas numa escala muito pequena. Um exemplo prático seria como tentar matar sua sede molhando seus cabelos ou lhe dando um banho, ou seja, efeito quase zero, uma vez que a estrutura capaz de levar água pro seu estômago de forma mais eficiente é sua boca, assim como as raízes nas plantas.

Portanto, não fique comovido, igual à minha avó, achando que suas plantinhas estão com calor, se concentre no solo, leve a água até sua boca que vai dar certo. Assim você evita, também, o surgimento de doenças em seu jardim e preserva a “cabeleira” das plantinhas.

Dê preferência às horas mais frias do dia, de manhã bem cedo fim de tarde, isso evita que a água evapore com o calor das horas mais quentes, restando pouca água pra sua planta. Evite também encharcar o solo, deixei-o úmido, mais nunca com poças, pois isso também favorece o surgimento de doenças, pode causar o apodrecimento das raízes, se for uma prática constante, ou até matar a planta afogada, já que a planta também respira pelas raízes, mais na mesma proporção que as folhas absorvem água, porém, esse exagero de água no solo, como já disse, é fatal.

Está na dúvida no momento de irrigar, sempre fure o solo som o dedo e sinta se está úmido; se ainda estiver, deixe para mais tarde a irrigação.

Para quem cultiva em vasos, segue a mesma orientação, mas se o medo de transformar seu vaso em uma barragem for maior, use gelo. Ele vai derretendo dando tempo da água ser absorvida pelo solo e o excesso sair pelos furos do vaso, além de você controlar o volume de água pela quantidade de gelo. Minha avó, sempre ela, fazia isso sempre com as samambaias dela, além de conversar bastante com todas as plantas, sua terapia diária para não enlouquecer comigo e com meu avô (?!).

Pois bem, dado o recado! Agora sempre se lembre de conter seu instinto de bombeiro ou de vovó carinhosa na hora de matar a sede de suas plantas e economize água.

P.S.: Se seu jardim é na beira de uma “estrada carroçal” e as folhas vivem sujas de barro, aí sim vale a pena banhar suas folhas, sem gastar um caminhão-pipa para isso.


*Paulo Melo Segundo é engenheiro agrônomo pela UFRPE, Fiscal Estadual Agropecuário na Adapi e escritor agrodivertido, criando assim o Segundo Agro, um portal de informação simples, direta e humorada.

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