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MIP: Pragas com medo


Sim, qualquer semelhança com MIB - homens de preto - não é mera coincidência... kkkkk

Assim como no filme, tirando a ficção e as devidas proporções, no agro temos homens responsáveis por “caçar” seres que venham a trazer prejuízos. São popularmente conhecidos por “pragueiros”, geralmente técnicos em agropecuária, que investigam as lavouras com técnicas apuradas, assim como os agentes J e K, comandados por Engenheiros Agrônomos, que seriam os Zeds da jogada.


No filme 1, o ET quer acabar com nosso planeta, sendo impedido pelos agentes “pinguins” com armas e tecnologias inimagináveis.

No agro temos equipes de jeans, boné, bota e canivete, porém, que utilizam várias outras formas tecnológicas, incluindo:

- Biológicos: produtos naturais, como fungos e bactérias, transgênicos...;

- Legislação: daí a importância das agências de fiscalização agropecuárias;

- Controles culturais: Nada de reprimir festas tradicionais, mas usar tratamentos específicos para a cultura nos períodos específicos, como rotação de culturas, destruição de restos culturais...;

- Mecânicos: Esqueça a oficina (importante na manutenção dos equipamentos); aqui é o uso da força manual como catação e esmagamento de lagartas;

- Resistências de plantas: ter plantas que resistem bem ao “ataque inimigo”, sem ter prejuízo econômico;

- Controle comportamental: nada de castigar ajoelhado no milho, mas investigar como a praga reage a estímulos de feromônios (no popular, cheiro que atrai para se reproduzir), por exemplo;

- Físico: Albert Einstein passa longe do significado, mas é uso de fogo, temperatura, inundação...;

- Autocida: Não é uso de carros para Cida, mas deixar machos estéreis artificialmente, não “engravidar” suas parceiras e quebrar o ciclo da praga, por exemplo.

- Químicos: não preciso dizer que não tem nada com bebida alcoólica ou entorpecentes que fazem fumaça, né?! Aqui são os “temidos” agrotóxicos.

- Agricultura orgânica: Usa a máxima de que uma planta bem nutrida é resistente ao ataque de pragas, assim como um ser humano bem alimentado não adoece facilmente.




Um exemplo grosseiro de um dos controles que podemos associar a cenas do filme é a parte final (atenção ao spoiler), em que o agente K pede para o ET comê-lo. O agente, ao pegar sua arma, atira de dentro para fora, matando o alien. A tecnologia BT, que usa o Bacillus thuringienses, que podemos expressar em plantas ou aplicar em campo e quando a lagarta que se quer combater come uma parte da planta, a bactéria corrói a mesma por dentro, não explodindo como o ET do filme.


A precisão de outras tecnologias é de impressionar. Na caça as “pragas” contamos com uso de imagem por satélites e drones, além de laser queimando as partes mais importantes no crescimento das plantas (meristemas), feitas por “mini tratores” autônomos.


Parece coisa além da NASA, como a agência dos homens de terno preto, né não?!

Esse tipo de manejo (MIP) vale muito a pena (ou até a ave inteira). Um colega, o Caio Zitelli, do Bug Bites (podcast sobre entomologia muito bom - recomendo), no episódio 129, ele relata, numa conversa com pesquisadores da Embrapa algodão, que implementou um sistema de MIP, onde contratou 6 técnicos, motos e software para o monitoramento das pragas, tudo para traçar a melhor estratégia de uso das ferramentas de controle que tinha ao invés de somente o químico.


Resultado de economia de até 30% do orçamento destinado para o controle dos insetos indesejados.

Um MIP bem feito serve igual àquela arma de apagar memória que se usa no filme. O agricultor nem se lembra do que aconteceu, porque a boa produtividade e a qualidade vão “apagar” o “prejuízo” inicial da sua mente.


Mas, o Manejo Integrado de Pragas não é somente o uso dessas ferramentas. Segundo Kogan (1998), é um sistema de decisão para uso de táticas de controle, isoladamente ou associadas harmoniosamente, em uma estratégia de manejo baseada em análises de custo/benefício que levam em conta o interesse e/ou impacto nos produtores, sociedade e ambiente. É uma relação do(s) método(s) de controle dentro dos preceitos ecológicos, econômicos e sociais.


Com isso, nunca mais você irá olhar para o campo sem lembrar dos engravatados e de toda tecnologia envolvida, que anda se espalhando em prol de nossa economia e saúde. Tudo fiscalizado de perto pelas agências não tão secretas como na ficção.


Fonte:

Embrapa

Manual de Entomologia

https://agevolution.canalrural.com.br/lasers-sao-nova-arma-no-combate-as-ervas-daninhas/#:~:text=Os%20meristemas%20s%C3%A3o%20partes%20sens%C3%ADveis,no%20trigo%20e%20no%20milho.


* Paulo Melo Segundo é engenheiro agrônomo pela UFRPE, Fiscal Estadual Agropecuário na Adapi e escritor agrodivertido, criando assim o Segundo Agro, um portal de informação simples, direta e humorada.


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