Já cantava @latino em 2008, Tudo Junto e Misturado. Na natureza é comum um ménage ou compartilhamento de companheiros, visando perpetuar a espécie. O período de acasalamento é o mais propício a isso, com todos exalando seus hormônios sexuais em busca daquela festa cinematográfica.
Não se iluda, plantas também o fazem, mas de uma forma mais específica. Algumas espécies dependem de outro ser igual para poder “engravidar”. Como exemplo temos o maracujá (já falei dele aqui no Maracujá que não “dá no couro”).
Essa rave sexual entre pragas e plantas traz prejuízos aos agricultores. Mas, o agricultor sabe combater fogo com fogo. Calma! Ninguém vai abrir uma ‘zona’ no milharal.
Pragas se combatem, dentre outras formas, com agrotóxicos. Uma das técnicas usadas no preparo da calda é a mistura entre produtos, uma verdadeira bacanal dentro do tanque de pulverização. Mas, tudo tem critério, responsabilidade e proteção. É quase uma gravação de filme pornô, onde o diretor é o Engenheiro Agrônomo, que atua como responsável técnico.
Essa bacanal tem regras a serem seguidas, através da Instrução Normativa nº 40, de 11/10/2018, que complementa a emissão da receita agronômica prevista no Decreto nº 4.074, de 04/01/2002.
Outros cuidados, porém, devem ser tomados para uma gandaia segura:
1 - Sempre fazer o teste da garrafa, para verificar se não há formação de borra, não ocorrer a mistura completa dos produtos, solidificação, separação...;
2 - Avaliar a atuação da mistura em campo, verificando se há incremento da ação (sinergia) entre os agrotóxicos e efeito dessa mistura na planta;
3 – Começar a mistura pelos ingredientes mais difíceis de diluir (pó, grânulos), passando para os mais fáceis. Nunca o contrário;
4 – Buscar, com outros profissionais e com a fornecedora dos agrotóxicos, informações sobre compatibilidade;
5 - Utilizar Equipamentos de Proteção Individual (EPIs);
6 - Usar materiais específicos para o preparo e a mistura, como balanças, baldes e copos graduados;
7 - Verificar e corrigir o pH da água, se necessário;
Essa tecnologia gera economia para: a) produtor, reduzindo o número de aplicações; b) meio ambiente, reduzindo o volume de água empregado; c) aplicador, deixando os agrotóxicos menos irritantes à pele e aos olhos e diminuindo a deriva; d) consumidor, que terá à disposição produtos mais seguros e com valores competitivos.
Como dizem por aí, se organizar, todo mundo fode!
*Paulo Melo Segundo é engenheiro agrônomo pela UFRPE, Fiscal Estadual Agropecuário na Adapi e escritor agrodivertido, criando assim o Segundo Agro, um portal de informação simples, direta e humorada.
Comments