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Vamos mandar o VAR!




Em alguns esportes já se usa uma tecnologia de análise de lances polêmicos para uma marcação correta e justa do lance, que ganhou popularidade no Brasil, ao ser usado em jogos de futebol. Estou falando do VAR.


Seu funcionamento é um tanto simples. Um juiz, que fica em uma sala cheia de telas e acesso a vários ângulos do campo, chama o juiz de campo, através de uma comunicação via rádio, para analisar conjuntamente com ele um lance polêmico, em um monitor a beira do gramado, e decidir se tem fundamento para uma expulsão, falta, pênalti, impedimento...


Isso me fez lembrar da semelhança de uma ação da SADA (Secretaria de Assistência Técnica e Defesa Agropecuária) e Adapi (Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Piauí) no município de Monsenhor Hipólito recentemente, que até foi destaque nacional no Globo Rural.


Produtores rurais notaram “um lance” estranho em seus campos e ficaram na dúvida se realmente era o que se parecia ser e queriam uma resposta mais firme, abalizada. Suspeitaram que o ataque nas plantas de macaxeira seria de uma já conhecida lagarta, mas resolveram “chamar o VAR”!


Acionaram então a Adapi, que destacou uma equipe de engenheiros agrônomos, juntamente com a Sada e Embrapa Meio Norte, que não somente analisaram as imagens de “zap zap”, mas “mandaram o var” ao município.


Após coletas de amostras de lagartas em vários estágios de desenvolvimento (chamados instares) e pupas (fase antes do surgimento da mariposa), deram o veredito:


É o Mandarová (Erinnyis ello)!

Não estou falando de uma brincadeira entre palavras similares e sim de uma praga que deu um salto populacional absurdo e está tirando o sono dos agricultores da região.


Mas eles não ficaram “a ver navios”. Dias após a constatação, equipes da Sada/Adapi e Embrapa Meio Norte foram a região para “dar o cartão vermelho” a praga com palestras e um dia de campo para o combate dela.


Mas quem é o mandarová?!


Trata-se de uma mariposa que, como muitos jogadores, gosta da noite para se alimentar e se “divertir” acasalando.


Lagarta do Mandarová

Ela coloca seus ovos nas folhas da mandioca e deles surgem lagartas com muita fome, mas não de bola. Essas lagartas passam de 15 a 18 dias em regime de engorda, comendo até 15 folhas de mandioca cada uma.


Ovo do Mandarová


Depois dessa comilança, “penduram as chuteiras”, se dirigem ao solo, se enterram e “empupam” em um casulo e passam mais 10 a 13 dias “se embelezando”, ou como dizem na roça, “encantando”, até surgirem como mariposas, que passarão os próximos 10 a 20 dias na “gandaia” da noite, colocando ovos em folhas que após 3 a 4 dias se tornarão novas lagartas, fechando o ciclo de devastação.


Pupa do Mandarová


O tratamento de combate pode ser de várias formas, mas a estratégia de campo deve ser bem analisada pelo técnico da área (engenheiro agrônomo ou técnico agrícola) para saber qual o melhor momento de ataque a praga e quais ferramentas usar: químico (agrotóxicos), biológico (uso de fungos, bactérias ou vírus) ou físico (catação manual e armadilha luminosa).


O que dificulta na região e a existência de produtores de mel orgânico, o que inviabiliza o uso de agrotóxicos.

Mas um baculovírus que naturalmente aparece no campo e que combate as lagartas pode ser facilmente multiplicado e aplicado na lavoura. Veja como é fácil!


  • Identifique lagartas penduras de ponta-cabeça, colete de 2 a 6 delas mortas;

  • Esmague elas em um recipiente limpo com 5ml de água limpa até virarem uma massa;

  • Coe o líquido com uma gaze ou pano bem fino para que o extrato não entupa o bico do pulverizador;

  • Usar 2 colheres da “sopa de lagartas” para cada 1ha, na diluição de 2ml do líquido para um pulverizador de 20 litros.

Apesar das críticas, pois o VAR do nosso campo não é instantâneo e depende de análises em laboratório e mais criteriosas, a ação foi rápida, a resposta foi dada e a polêmica é natural.


Então produtor, quer saber mais sobre a praga? Acesse os links e baixe o folder e assista ao tutorial de como fazer o extrato.



Agora já sabe!


Viu algo estranho na lavoura ou criação, acione a Adapi através do whatsapp 086 994621644 que poderemos “mandar o VAR” até você.


* Paulo Melo Segundo é engenheiro agrônomo pela UFRPE, Fiscal Estadual Agropecuário na Adapi e escritor agrodivertido, criando assim o Segundo Agro, um portal de informação simples, direta e humorada.

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