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Foto do escritorPaulo Roberto de Albuquerque Melo Segundo

Vespa com espírito de RD 350

Atualizado: 30 de set. de 2020

Sempre fui apaixonado por motos, das mais simples às mais sofisticadas, e não tinha como não associar as notícias de disseminação de uma Vespa assassina pelo mundo a dois modelos de motonetas de uns tempos atrás.


Os mais saudosos se lembram da “Vespa”, moto italiana de desenho arredondado e pacata, bem como de outra, a japonesa Yamaha RD 350, ou viúva negra, para os mais íntimos.

Irei, aqui, desmistificar uma Vespa que não é italiana, muito menos assassina, como ficou conhecida sua prima asiática.


A Vespa mandarina, ou vespa assassina como vem sendo conhecida, é uma das maiores vespas que se conhece. Com 4,5 cm de comprimento, 7,5 cm de envergadura (distância de uma ponta a outra das asas abertas, não que ela envergue nada) e um ferrão de 6 mm.


Nativa da Ásia e muito conhecida no Japão, onde é mais popular que bolo de rolo no Recife, a Vespa mandarina nem tem essa fama de um tipo de Agro Jason dos insetos. Longe disso.

Talvez sua fama de “assassina” venha do hábito de, quando se tem um ninho grande pra tomar conta, costumar invadir colmeias e se alimentar de partes de abelhas, deixando metade de seus cadáveres para trás. Quase um Jack Estripador rural. Mas, certamente, ela não tem sede por sangue humano ou algo parecido. Tudo sensacionalismo.


Realmente, sua ferroada é dolorosa (pior que merthiolate em corte - quem é do grupo de risco da pandemia lembra) e pode causar dores fortes de cabeça, similares a de ver seu celular sendo “cutucado” pela esposa. Mas, o perigo se encontra em você ter alergia à picada de insetos, como abelhas. Isso é que pode gerar a morte através de um choque anafilático, mas tem que ser um ataque de ninho, gerando 40 a 50 picadas ao mesmo tempo em um alérgico.


Como comparação, no Japão, terra da RD 350, morrem em média 50 pessoas/ano por causa de vespas. Já no Brasil, em 2013, tivemos mais de 10.000 casos com abelhas comuns, com 40 mortes (dados do Ministério da Saúde).



Seus ataques são raros e de defesa, ou seja, se ela entra em sua casa, você irá persegui-la com um chinelo (caso não corra com medo) com a mesma determinação de uma mulher que acabou de passar pano na sala e pega no flagra uma pessoa deixando suas “pegadas”.


Outro caso de ataque é se tiver seu ninho em perigo. Quem não defende seus filhos com unhas e dentes, no caso, mandíbulas e ferrões? Então, não é maldade, é instinto de sobrevivência como de qualquer outra espécie.


Sendo assim, calma! Não se apavorem. Até porque ela não chegou ao Brasil, como as motocicletas acima. E, caso cheguem, provavelmente não irá conseguir ter sucesso como as motorizadas de duas rodas (como vendas ou mortes – dadas por uso irresponsável), pois ela precisa de um período de inverno rigoroso, quase inexistente no Brasil, para montar morada. Também as formigas iriam se fartar com seus ninhos, já que elas têm instintos de tatu para fazer seus ninhos no solo.




A defesa agropecuária nacional, através do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e dos órgãos estaduais estão de olho em sua movimentação e trabalhando para que ela e outras pragas não entrem em nossa terra ou sejam identificadas o quanto antes, garantindo a segurança no agronegócio.


Parceria: Bug Bites Podcast (@bugbitespodcast)


*Paulo Melo Segundo é engenheiro agrônomo pela UFRPE, Fiscal Estadual Agropecuário na Adapi e escritor agrodivertido, criando assim o Segundo Agro, um portal de informação simples, direta e humorada.



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